Geral 22/09/2011

Condomínios se adaptam à nova vida dos idosos

O crescimento da população idosa no Brasil traz consigo o aumento na demanda por casas adaptadas.


Apesar de o direito à moradia digna ser previsto no Estatuto do Idoso de 2003, locais adequados para quem quer morar sozinho são difíceis de encontrar. Mas este quadro vem sendo alterado por iniciativas públicas e privadas. No interior do estado, em cidades como Maringá e Cascavel, as prefeituras já criaram condomínios especialmente feitos para idosos de baixa renda, seguindo modelos praticados nos estados de São Paulo e Rio de janeiro.


No caso de Cascavel, a iniciativa tem 20 anos e agora passa por uma reforma completa. "A ideia é oferecer mais acessibilidade para os cerca de 50 moradores", diz a secretária municipal de Assistência Social, Inês Aparecida de Paula Dias. Em Maringá, são 52 apartamentos de 47 metros quadrados que possuem um dormitório, um banheiro, uma sala de visita, uma cozinha e uma lavanderia. O local, que foi todo planejado por alunos do curso de Arquitetura da Universidade Estadual de Maringá (UEM), completa um ano no fim deste mês. Nas duas cidades, a moradia é gratuita, mas em Maringá está sendo estudado o recolhimento de um valor simbólico. "A prefeitura ainda elabora um contrato para que os condóminos começem a pagar. Talvez até o fim do ano tenha inicio a cobrança, mas o preço será reduzido, apenas para bancar as necessidades básicas do condomínio como água e luz. O conceito não é amparar idosos abandonados pela família, mas sim dar moradia a quem não tem uma casa. A ideia não é sustentá-los, mas apenas oferecer moradia", diz o secretário da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc), Ulisses Maia. Iniciativa privada Algumas incorporadoras decidiram incluir diferenciais construtivos em empreendimentos para atender a população mais idosa. Um novo prédio residencial da Construtora Laguna no Centro de Curitiba tem uma planta de apartamentos voltada para melhorar a acessibilidade de pessoas com dificuldades de mobilidade. O novo prédio contará com rampas inclinadas e plataforma elevatória de acesso, barras de apoio, pisos antideslizantes e uma academia para atividades de reabilitação. "A intenção é oferecer uma arquitetura inclusiva, para que a pessoa que se encaixe no perfil de compra não tenha restrições ", diz Isabel Raab Carneiro, gerente de marketing da Construtora. As plantas terão espaços e dimensões de portas, entradas de acesso e ambientes que comportam o giro de uma cadeira de rodas, além de vagas específicas na garagem, mais próximas aos elevadores. A construtora e incorporadora Tecnisa, de São Paulo, tem um projeto de consciência geronto lógica, criado em 2008. São cerca de 30 itens para fazer a inclusão de pessoas acima de 60 anos em alguns empreendimentos. A diretora de projetos da empresa, Patrícia de Campos Valadares, diz que o projeto surgiu de um número expressivo de compradores acima dos 55 anos. "Esse público está chegando nessa faixa etária com muita qualidade de vida e nós queremos incluí los. É preciso ter um olhar voltado para a terceira idade." Moradia digna é um dos direitos dos mais velhos que constam do Estatuto do idoso de 2003. Esse [ar pode ser na família natural, na substituta, em separado, ou, ainda, em instituição pública ou privada. 1 MARINGÁ Conjuntos oferecem conforto e convívio social Em um condomínio horizontal fechado, numa área de quase 6 mil metros quadrados, no Parque Residencial Cidade Nova, em Maringá, vivem 54 Idosos de baixa renda com mais de 60 anos.


Alguns sozinhos e outros casados. Os seis blocos de prédios são diferentes de apartamentos comuns: todos são adaptados com rampas para fadlltar a locomoção e corrimão em todos os cômodos, o que dá mais segurança ao idoso. condomínio conta ainda com Jardins. uma pequena praça, uma horta com plantas medicinais e até academia. Ao todo, são 52 apartamentos, todos ocupados. "Agradeçoa Deus todos os dias por ter conseguido minha casa para morar com meu velho. Toda vida tivemos que pagar aluguel e nunca tinha morad o em uma casa com cerâmica e de alvenaria. Morar aqui é a realização de um sonho. A vizinhança é muito divertida e a regra para se viver bem no condomfnio é sempre respeitar um ao outro", diz Marina Maria de Figueiredo, de 63 anos, que mora ali há dois meses. Tarde na praça Em uma tarde de sol as moradoras se reúnem na praça do condomínia Uma delas recortava revistas com fotos de pessoas famosas. "É uma distração recortar revistas e guardar as fotografias. Depois jogo tudo fora. Importante é ficar aqui, conversar, contar asfofocas e mais tarde malhar na academla", conta a divertida Maria Pereira Camacho. 74 anos, que conversava com Maria Tereza de Jesus, de mesma Idade. Os moradores dizem que o apartamento é ideal para suas necessidades e oferece todo conforto. Além disso, os idosos desenvolvem atividades internas e externas, como saldas para pesca, vlsitas aos pontos turísticos de Maringá, shoppings, cinemas e centros municipais de convivêncla de idosos.


No dia 30 de setembro. quando o condomfnlocompletar um ano, haverá um concurso de miss e mister Idoso. (FG) BENEFÍCIOS Estatuto define cotas em política habitacional da capital Em Curitiba, a política habitacional segue o disposto no Estatuto do Idoso, que prevê que 3% das unidades de programas habitacionais públicos sejam reservados para a terceira idade.


Desde 2009, das 6.024 unidades entregues pela Companhia de Habitaçao Popular de Curltlba C H.A B), i80 foram para pessoas idosas. Eles recebem apartamentos no piso térreo, para evitar a necessidade de subir e descer escadas. Nos projetos de reassentamento, pessoas acima dos 60 anos recebem casas térreas e não sobrados. Durante o registro das famílias, os idosos são cadastrados, para garantir que o atendimento seja feito de acordo com a demanda. Morar junto dá mais segurança a todos CASCAVEL Luiz Carlos da Cruz 1 No condomínio da 3. 3 Idade em Cascavel, no Oeste, a solidariedade une as mais de 50 pessoas que ali vivem Inaugurado em 1994, o espaço é ocupado por idosos assistidos pela Secretaria de Assistência Social do município.


Os moradores dizem estar felizes e afirmam que formam urna grande famiia. José Alves de Lima, 89, e Maria da Conceição de Lima, 69, moram no local desde a inauguração. O casal só sai do condomínio para receber a aposentadoria, ir ao supermercado ou à missa. Próximo de completar 50 anos de casados e sem filhos, os dois passam os dias conversando com amigose tomando chimarrão. Dona Maria conta que até bem pouco tempo frequentava as aulas de alfabetização no salão comunitário do condomínio, mas como o marido ficou doente deixou de frequentar as aulas. "Eu não sabia escrevermeu nome, agora jáescrevo", conta. Ela diz que pretende voltar às aulas para aprender a ler e escreverassim que o esposo recuperar a saúde totalmente. A aposentada Odete Padilha dos Santos, 73, também reside no condomínio desde a inauguração. Viúva há 41 anos, ela passa os dias pintando panos de pratoe fazendo tapetes. "Ocupa a cabeça da gente", diz. Ela também faz visitas a outros grupos de idosos com a equipe do Centro de Referência de Assistência Social. Os moradores demonstram preocupação uns com os outros. "As vezes um vizinho levanta meio tarde, então a gente vai ver se está tudo bem, um cuida do outro", diz José de Campos, 75, lembrando da própria história. Recentemente ele passou mal e precisou ser levado a um hospital da cidade. Como o aposentado mora sozinho teve o auxílio de dona Odete,queoacompanhou até a unidade de saúde. "Aqui é bom porque somos unidos", diz. INTERATIVIDADE No seu ponto de vista, quais são os ganhos para os idosos de morarem condomínios? Escreva para [email protected] Ascartasselecionadas serão publicadas na Coluna 1,71 19b. TIP hh ti A 111 Maria Tereza de Jesus.Maria Pereira Camachoe Marina Maria de Figueiredo vivem no Parque Residencial C idade Nova. em Maringá, espaço adaptado aos idosos. Marina Figueiredo nuncatinha morado em urna casadealvenaria ecom cerâmica.