Como estimular a inovação
A IBM TEM UMA TRADIÇÃO centenária de inovação.
Dos seus oito laboratórios já saíram produtos como o PC, o disco óptico e o código de barras, para ficar em poucos exemplos. Nos últimos 18 anos, não houve empresa que tenha registrado maior número de patentes só em 2010, ano do seu centenário. foram quase 6 mil. O segredo da multiplicação de ideias? Além da excelência dos pesquisadores e dos contracheques polpudos, um sistema hierárquico incentiva suas mentes mais brilhantes a atingir o que é considerado o 1 cargo técnico mais nobre da empresa: o título de IBM Fellow (companheiro IBM).
É um clube restrito, do qual fazem parte 73 cientistas vivos dos 3 mil que a IBM emprega no mundo. Todo ano, os fellows e aspirantes a fellows se reúnem para apontar o melhor caminho a ser trilhado pela companhia. "Discutimos as tendências e definimos quais são realmente inovadoras para nosso modelo de negócio", diz Ulisses Mello, líder de pesquisa do laboratório brasileiro da IBM. O resultado das conversas é exposto no documento Global 71.chnology Outlook (GTO), espécie de bússola dos investimentos da companhia. É ele que apontará o destino dos US$ 6 bilhões aplicados anualmente em pesquisa e desenvolvimento. Apesar da importância da turma do aro. a estrutura de suporte à inovação não está restrita ao "alto clero" cientifico. Funcionários com ideias que possam melhorar processos internos acessam o portal Think Place, enquanto programadores compartilham projetos dentro da rede developer Works. Há ainda o democrático Innovation Jam, uma plataforma online capaz de reunir, em torno dos grandes dilemas corporativos da atualidade, as opiniões de milhares de funcionários, familiares dos IBMers, parceiros comerciais, clientes e pesquisadores de universidades.
É o conceito de crowdsourcing (uso da inteligência da multidão para completar tarefas). Na última edição do Jati", a multidão da IBM avaliou diversas COMO ESTIMULAR A l\21/A AJ Um bom começo é montar uma eficiente ESTRUTURA de comunicação , para que qualquer funcionário se sinta livre para inventar, sugerir ou palpitar.
Se a empresa oferecer bônus e promoções pelas grandes ideias, melhor ainda LIO é quanto deve render o Sma der Planet, as cidades inteligentes da IBM tecnologias e ajudou a empresa a lançar uma dezena de negócios.
Esta relação entre o conhecimento dos Ph.Ds. e os insights dos funcionários costuma produzir bons resultados. Não por acaso, as empresas estão investindo em ferramentas destinadas, exclusivamente, a estimular a criatividade interna ao mesmo tempo em que aplicam bilhões em centros de pesquisa. Na mineradora Vale, já há um projeto para aumentar a capacidade do portal Inove, tamanha a quantidade de sugestões dos funcionários foram 22,5 mil neste ano, o triplo de 2010. Na construtora Tecnisa, a gestão interna de conhecimento é feita por um sistema que usa o conceito wiki (conhecido pela enciclopédia colaborativa Wikipédia) para registrar obras, projetos e tecnologias empregadas pela empresa.
Desde 2009 no ar, a Tecnisa Wiki registra mais de 400 artigos que podem ser lidos e editados pelos 200 empregados da companhia. Conhecimento, segundo a Tecnisa, é o motor da inovação em qualquer empresa. O combustível é um bônus gordo de final de ano ou promoções na carreira. No caso da IBM, a tabelinha do pessoal do GTO com a comunidade das Jams resultou em negócios como a gestão de recursos naturais e a consultoria para a criação de cidades ambientalmente inteligentes.
O projeto ganhou o nome de Smarter Planet e deverá render, em cinco anos, mais de US$ 10 bilhões à companhia. O Brasil tem papel fundamental no desenvolvimento desta nova estratégia. Recebeu o nono laboratório de pesquisas da IBM (no Rio de Janeiro) e ganhou status de centro global de inovação. O primeiro resultado do esforço intelectual do pais começou a ser testado no mês passado: o projeto PMAR usará algoritmos para antever em até dois dias inundações e deslizamentos na capital fluminense.
Agora, só falta o Brasil ter o seu IBM Fellow.
