Com a Palavra... Tecnisa: novos empreendimentos devem garantir melhora nos resultados
Após um período de resultados desfavoráveis, incluindo prejuízos em seus balanços, a Tecnisa conta com uma leva de lançamentos para entregar números melhores para seus acionistas nos próximos trimestres.
Flavio Vidigal, diretor financeiro da companhia, conta que a administração da companhia passou os últimos meses empenhadas no corte de despesas financeiras para reduzir o prejuízo e avançar na compra de terrenos para o lançamento de empreendimentos.
"Esse é o primeiro passo para que a gente volte a apresentar resultado positivo", disse o executivo, que participou da série de entrevistas em vídeo "Com a Palavra..." (assista aqui todos os vídeos), do Valor Investe, que tem o objetivo de aproximar executivos das principais empresas da bolsa dos (potenciais) investidores. Veja abaixo a íntegra.
A empresa realizou três lançamentos recentes. O empreendimento Highlights Campo Belo foi lançado em maio, com um valor geral de vendas (VGV, soma do potencial de valor na comercialização de todas as unidades do prédio) de R$ 165 milhões. Com esse montante, a companhia cumpre o equivalente a 36% do ponto mínimo da projeção divulgada em novembro de 2020, de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão em VGV de lançamentos em 2020 e 2021.
Além disso, mais duas áreas na cidade de São Paulo foram adquiridas no primeiro trimestre, adicionando R$ 275 milhões à carteira de terrenos atual da Tecnisa, que atingiu um VGV de R$ 5,540 milhões, na parte que corresponde à empresa. "É um momento especial de compra de terrenos para lançar empreendimentos", avalia Vidigal,
Que empresa é essa?
Flavio Vidigal se mostra otimista com os frutos que devem ser colhidos dos novos empreendimentos da Tecnisa, e com o cumprimento da meta estipulada pela companhia para este ano. "Quanto mais lançamentos eu tiver, melhor deve ser o resultado esperado da companhia e é essa dinâmica que eu imagino que vá acontecer no ano de 2021", diz o executivo.
Essa recuperação nos resultados é importante também para a retomada de valor das ações da companhia, que "caminharam" menos que os ativos de concorrentes (animados com a retomada econômica) e ainda acumulam perdas de 26% nos últimos 12 meses.
Segundo Vidigal, o desempenho das ações reflete justamente os prejuízos apresentados recentemente, diante dos poucos lançamentos efetuados no passado. "A maior parte do resultado ocorre no momento em que eu inicio as obras e a Tecnisa vem de um período em que ficou um pouco dormente em relação a lançamentos. Nosso principal desafio foi vender os estoques remanescentes e reduzir o endividamento da companhia através da venda desses mesmo estoques", explica.
O caixa da empresa recebeu reforços em julho de 2019, quando captou R$ 440 milhões em uma oferta subsequente de ações (follow on) para o pagamento de dívidas, redução do custo de seu endividamento e compra de terrenos.
Mas colocar as unidades à venda não é a solução completa do mercado imobiliário: um dos maiores riscos do negócio está justamente em acertar o gosto do freguês. "A pior coisa que pode acontecer é lançar um empreendimento e ele ter uma baixa aceitação", diz Vidigal.
Com os preços dos materiais de construção em alta e a mão de obra com custo também elevado, a inflação é outro ponto de atenção do negócio da Tecnisa. Segundo o executivo, 50% do valor da receita esperada de cada unidade é gasta na hora de colocar o empreendimento de pé.
A Tecnisa reduziu seu prejuízo líquido em 54,9% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2020, para R$ 26,4 milhões. A receita líquida caiu 25,8% no período, para R$ 32,7 milhões.