Mercado imobiliário avança, mas especialistas defendem mais flexibilização contra déficit habitacional
O valor total dos financiamentos imobiliários contratados no primeiro semestre deste ano cresceu 86,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. A pesquisa, realizada pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), leva em consideração somente as operações em que bancos utilizam-se dos recursos depositados em cadernetas de poupança para financiar a compra de imóveis, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo.
Nos seis primeiros meses desse ano, foram concedidos quase R$ 13 bilhões em financiamentos. Até junho do ano passado, bancos e entidades de crédito haviam emprestado menos de R$ 7 bilhões. Somente em junho de 2008, o valor dos financiamentos atingiu R$ 3,197 bilhões, valor superior ao total de todas as operações contratadas em 2004 e novo recorde histórico. Na comparação entre junho de 2007 e junho de 2008, o aumento foi de 130,3%. O número de casas financiadas também aumentou. Nos primeiros seis meses deste ano, 128 mil casas foram financiadas com recursos da poupança ? 58,9% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Segundo o presidente da Abecip, Luiz Antonio França, o crescimento se deve a ajustes no arcabouço jurídico que envolve as operações, que resultaram em maior segurança jurídica para os bancos financiadores. Também contribuíram as seguidas quedas nas taxas de juros nos últimos dois anos e a ampliação dos prazos para pagamento dos empréstimos. ?De dois anos pra cá, os bancos começaram a conceder créditos com parcelas que mais pessoas podem pagar?, diz ele.
Mesmo com os bons resultados, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, defende mais investimentos para reduzir o déficit habitacional do país, em torno de 8 milhões de moradias. Segundo ele, a flexibilização do uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por famílias com renda até cinco salários mínimos por mês, pode ampliar as oportunidades de aquisição da casa própria, pois é nessa faixa de rendimento que está a grande maioria dos brasileiros sem casa.
Simão disse que vai formalizar proposta nesse sentido no Colóquio sobre Plano Nacional de Habitação, que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da Presidência da República realizará no dia 12 de agosto.
De posse dos números que a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) distribuiu sobre o crescimento de 86,6% no volume de financiamentos para novas moradias, de janeiro a junho deste ano, o economista Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, ressaltou que o aumento é fundamental para reduzir o déficit habitacional, para impulsionar ainda mais a construção civil e criar mais empregos.
?Além de estimular uma cadeia produtiva com forte entrelaçamento com outros setores da economia?, esse crescimento gera empregos formais para a mão-de-obra de menor nível de escolaridade, disse Alcides Leite. ?Justamente o segmento social que mais necessita de alternativa para sair da informalidade.? (Informações da Agência Brasil)