Crise dos EUA não afeta Brasil em 2008, avaliam entidades
A crise no mercado imobiliário norte-americano não deve afetar o Brasil. A avaliação é de representantes da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Para Alfredo Neves Penteado Moraes, presidente da Andima, é ?exagerada? a opinião de alguns especialistas que indicam a possibilidade de as turbulências nos Estados Unidos se refletirem sobre a economia brasileira de maneira geral. Segundo ele, o país teve um momento muito favorável no comércio internacional com a elevação do preço das commodities (produtos agrícolas e minerais) nos últimos anos. ?Essa é a única coisa que poderia afetar um pouco o bom cenário que perdurou até agora?, acredita.
Moraes afirma que o desaquecimento na economia dos Estados Unidos pode eventualmente diminuir a demanda por alguns produtos brasileiros. Ele, no entanto, não acredita que o efeito sobre as exportações do país será forte. ?Na cadeia de alimentos ou na metalurgia pode haver algum tipo de retração, mas nada que comprometa de maneira forte a solidez da economia e o crescimento interno?, destaca.
Já o diretor-geral da Abecip, Osvaldo Correa Fonseca, considera que o potencial de crescimento do mercado imobiliário brasileiro poderá sustentar a continuação dos bons resultados obtidos nos últimos anos ? números divulgados pela Abecip demonstram que o crédito aplicado no período totalizou R$ 18,3 bilhões, com aumento de 96% sobre o ano anterior. O número de moradias financiadas é o segundo maior desde 1982, quando foram financiadas 258 mil moradias.
"Os números ainda são reduzidos para o tamanho do Brasil, se comparados com os do México ou do Chile, por exemplo", disse Fonseca. Para ele, o país precisa de crescimento interno, e essa expansão deve ser promovida pela indústria da construção civil, que tem mão-de-obra e materiais produzidos no país: ?Não vejo gargalo para 2008, não há motivo para uma preocupação de não-crescimento.?
O mercado norte-americano, segundo Fonseca, enfrenta situação diferente, em especial no que se refere ao grupo de clientes denominado subprime, de empréstimos hipotecários, sem destinação, onde eram praticadas taxas de juros de 23% a 24% ao ano ? para a compra do imóvel, os juros eram de 7% a 8%. ?Poucos bancos americanos se dirigiam ao grupo subprime para ganhar muito dinheiro e faziam elevadas provisões de recursos para prevenir uma possível inadimplência".
No Brasil, lembrou Fonseca, não existe empréstimo hipotecário. ?Aqui é compra e venda de habitação, e construção de moradias. E não há chance de contaminação: primeiro, porque nós somos muito pequenos; segundo, porque o investidor do setor imobiliário no Brasil é consolidado, enquanto nos Estados Unidos ele funciona mais como especulador, ele entra e sai?.