Lar

Um dia de hotel, em casa

A realidade anda cruel nas ruas. Gente tensa ao volante, pessoas grunhindo umas para as outras, horas sem fio perdidas no trânsito ou na fila do supermercado. Fazia tempo que não vivia uma sexta-feira “drama” em São Paulo. Como trabalho em casa ou no escritório, bem perto de onde moro, quase nunca corro o risco de passar duas horas dentro do carro a 20 km por hora. Drama. Mas às vezes é bom isso acontecer. Para nos lembramos de coisas boas para se fazer em casa. Um alento para as horas perdidas entre duas ou quatro portas e que, inevitavelmente, resultam em mau-humor. Portanto, caro leitor, se você é vítima frequente desse ritmo insano de vida, acho que vai gostar de ter um dia de hotel em casa. Funciona assim: Passo 1 – Antes mesmo de dar boa noite para as outras pessoas que, eventualmente, dividam seu lar com você, vá para o chuveiro. Separe sua toalha mais felpuda, seu roupão mais acolhedor e escolha os melhores produtos de beleza disponíveis – do xampu ao pós-barba. Antes de entrar no chuveiro, coloque sua playlist favorita para rolar. Ao entrar no banho, sinta as delícias de cada produto: a espuma do sabonete, o perfume do xampu orgânico recém-adquirido no supermercado, a água morna lavando todas as chateações do dia, deixando tudo mais suave. Passo 2 – Se enxugue, coloque o seu roupão-estilo-quarto-de-hotel, escolha uma colônia ótima e saia cheiroso pela casa. Passo 3 – Desligue a tevê da sala e coloque boa música de trilha sonora. Passo 4 – Abra um vinho, uma cerveja ou faça seu drink predileto – que pode, inclusive, não ser alcoólico, isso vai do seu gosto. Esparrame-se pelo sofá ou poltrona favorita da sala. Se houver alguém em casa, convide a pessoa para sentar-se ao seu lado. Faça um brinde, diga boa noite com seu melhor sorriso e prepare-se para uma noite ótima – agora sim, em um território livre da afobação do mundo lá fora. P.S. Este texto pode parecer óbvio, mas muita gente anda esquecendo dos pequenos rituais domésticos que tornam a nossa vida cotidiana mais agradável. Às vezes tenho a impressão de que o mundo gira em torno de uns poucos dias de felicidade dentro de um quarto de hotel em algum ponto distante do lugar em que você vive.