Lar

Quando caem as barreiras

Outro dia, visitando uma amiga que havia acabado de reformar o apartamento, não pude deixar de reparar: quase ninguém mais faz a cozinha separada da sala. O que era para ser mais uma tendência decorativa, talvez passageira, acabou virando padrão. Boa parte das pessoas que conheço, principalmente as que vivem em apartamentos, optou por derrubar as barreiras, eu incluída nesse time. Essa integração entre dois dos espaços mais sociais da casa se dá, num primeiro momento, por uma questão de espaço. A sensação de amplitude é imediata e, claro, também ganhamos pontos extras no quesito luminosidade. Mas, num segundo (talvez terceiro?) momento, a opção passa a valer por motivos emocionais. Quem já vivenciou um “antes e depois” desse porte sabe do que estou falando. Num piscar de olhos, a casa passa a ser um ambiente em que todos circulam pelas áreas comuns sem perder o contato. Quem está a cozinha pode trocar ideias e olhares com que lê no sofá da sala, por exemplo, e ainda dar uma piscadela para quem acaba de adentrar a lavanderia. É o fim do isolamento, das baias de escritório dentro de casa. Mais contato, menos individualismo! Isso já temos de sobra nas nossas vidas de cidade grande, seja quando andamos pelas ruas, concentrados em nossos próprios pensamentos, ou quando nos conectamos com o universo particular das nossas redes sociais. Em casa, um novo mundo se abre com a derrubada das barreiras, dos muros físicos, das divisões de tarefas: você na cozinha, eu na sala. Agora é todo mundo fazendo tudo ao mesmo tempo agora, com olhares fixos no outro e não mais aprisionados na obrigatória cegueira que as paredes impõem. Viva la revolución!