Pragas, ervas daninhas e adubos
Resolvi tocar nos assuntos em que menos me sinto confortável para escrever dentro do universo das plantas. A
coragem veio após uma conversa com o jardineiro que fez a manutenção do meu jardim. Há quase duas semanas
ele foi pulverizá-lo e encontrou cochonilhas na camélia que tenho desde dezembro. Para a minha surpresa, soube que
até mesmo ele, que lida diariamente com plantas infestadas de pragas, diz desconhecer todos os tipos de insetos que
infestam as plantas. Mas voltando ao assunto: as manchas brancas nas folhas indicavam a presença de cochonilhas
na minha camélia. Que é ainda mais problemática quando aparece envolvida por pequenas conchas, a chamada cochonilha
de carapaça. E não é que esta praga também estava por lá, dessa vez na romãzeira que tenho há mais de três anos.
Com características visuais diferentes, as duas alojam-se nos caules e na parte inferior das folhas e sugam a seiva
da planta. Conforme acumulam-se na espécie, as cochonilhas secretam uma substância pegajosa, que deixa as folhas
com a aparência de enceradas. Isso facilita o ataque de fungos, e consequentemente, de formigas. No caso das
cochonilhas de carapaça, a casca dura impede a penetração de inseticidas. Soluções à base de óleo mineral e sabão
impedem que o inseto respire e, portanto, podem ser eficientes no seu combate, assim como a calda de fumo. O
pulgão é outra praga que atrapalha o desenvolvimento natural da planta, sugando sua seiva e perfurando os seus vasos
condutores. Como se reproduz com muita rapidez, seus predadores naturais - joaninha, vespa e besouros - não dão conta
de exterminá-los. Neste caso, use as mesmas soluções que liquidam com as cochonilhas, óleo mineral e calda de fumo.
As ervas daninhas são plantas que nascem espontaneamente em locais indesejados. Como apresentam um curto intervalo
entre floração e germinação, estas espécies invasoras crescem rápido, usam muita água do solo, adaptam-se com
muita facilidade ao clima do lugar e possuem alta longevidade. No paisagismo, os gramados são os principais focos
deste grupo. Para combatê-lo, é preciso fazer catação manual, o que dificulta ainda mais o seu extermínio. Ou se o
local já foi muito atingido por elas, provavelmente você vai ter de usar um herbicida para o controle. No gramado,
vale ainda as dicas: se a erva daninha que o atingiu tem desenvolvimento vertical acentuado, realize podas baixas.
Se, ao contrário, ela for rasteira, deixe a grama crescer um pouco mais (não muito além de 12 cm), para sufocar as
invasoras. As podas devem ser feitas antes do período de floração e formação de sementes das invasoras, para
evitar sua disseminação.
Outro assunto de grande relevância diz respeito à adubação das espécies. Entre a primavera e o verão, as plantas
precisam de nutrientes, capazes de recuperar a fertilidade do solo em que foram plantadas. Ao adubar rotineiramente
uma planta, você oferece mais condições de resistência a pragas e doenças. Os compostos mais comuns, neste caso, são
os NPKs, em especial, o de dosagem 10 10 10, que traz na mesma quantidade: nitrogênio (N), responsável pela ação na
parte verde da planta, favorecendo a sua brotação, fósforo (P), importante para o estímulo à floração e frutificação,
e potássio (K), que fica com o papel de controlar todas as funções fisiológicas que ocorrem dentro da planta,
principalmente em suas raízes, caules e ramos. Na fotossíntese, ele determina a maior utilização de luz e
serve como catalisador para muitas das reações enzimáticas das células vegetais. De acordo com a necessidade da espécie,
é possível alternar a porcentagem destes compostos. O NPK 4 14 8 atua com mais eficácia nas deficiências de floração e
frutificação, o NPK 15 8 8, mais na parte verde da planta, em suas folhas. A frequência da adubação é vital para o
desenvolvimento da espécie. Os adubos podem ser granulados ou líquidos, mas em geral, são diluídos em água antes da
aplicação. O importante é sempre ler as instruções para o uso correto. Foto: Evelyn Müller Projeto: Leo Laniado
A jornalista Thaís Lauton é autora do blog Cheiro de Mato, da revista Casa e Jardim.