Fotos em casa
Há tempos tomei a decisão de ser a editora das melhores
cenas da minha vida. Funciona assim: tiro todas as
fotos que posso durante o
ano inteiro. Vou descarregando levas de fotos aos poucos no computador, em pastas divididas por temas – todas dentro de outra pasta com o ano de referência. Quando chega o comecinho de janeiro, faço a
edição das melhores imagens do ano e sempre me surpreendo. Fico mais seletiva também. De 1000 cliques, costumo selecionar, no máximo, 100. E olha que às vezes esse número é reduzido em uma última triagem.
Em tempos de mil fotos por segundo, a edição é uma ótima pedida para não se perder entre tantas imagens ou, pior, deixar em um canto escondido do desktop imagens valiosas. Falo isso porque ainda acho que
fotos impressas em papel são mais interessantes do que as visualizadas na tela do computador. Fotos em álbuns de papel, preferencialmente de capa dura, se parecem com livros de nossas vidas. Se podemos nos dar ao capricho de editar as cenas que melhor ilustram cada momento especial, por que desperdiçar a chance?
Da edição especial, feita apenas uma vez ao ano, saem também as
imagens favoritas que serão exibidas pela
casa. As que irão para a porta da geladeira, para os porta-retratos, para o mural do escritório, para as molduras penduradas na parede. Acho divertida a ideia de mudar as fotos a cada nova temporada. Ver as mesmas imagens de sempre é cansativo, além de nos dar a falsa impressão de que nada muito excitante aconteceu depois daquela imagem congelada por anos na mesinha de cabeceira. Ser o editor da própria vida também serve para avaliarmos nossas emoções, exibirmos nossos interesses recentes e, principalmente, nos lembrarmos de que a vida é agora – mesmo que você não saia bem em todas as fotos.