Casa dos horrores
Outro dia estava assistindo a um daqueles comerciais sobre produtos “indispensáveis” para o lar. Acho que não é necessário citar marcas nesse texto, já que, a essa altura do campeonato, as tais propagandas estão grudadas no nosso inconsciente como mensagens subliminares... Fiquei atenta à oferta do dia: um equipamento monstruoso, similar a uma roda gigante, para guardar sapatos. Não vamos discutir a praticidade do negócio: sei lá quantos sapatos guardados de uma só vez e disponíveis ao toque de um botão que aciona o equipamento. Fiquei pensando em qual canto da casa a pessoa poderia esconder aquele trambolho. Debaixo da cama não cabe. Atrás da porta também não. Dentro do armário, talvez? Aí seria melhor usar logo o espaço para os próprios calçados, não? Sim, porque deixar o produto à vista dos olhos seria algo assim... não tão bom de se ver cotidianamente.
Em seguida, já absorvida por aquele marketing agressivo, com repetições sobre as qualidades e o preço do produto a cada cinco segundos, me lembrei de similares vendidos no mesmo canal de tevê. Centrífugas capazes de transformar em líquido até sola de sapato, mangueiras de jardim retráteis, grills milagrosos, capazes de preparar um bife em 15 segundos. E aí me veio a cabeça a eficiência do simples. Espremedores de frutas manuais, feitos de louça branca, uma boa frigideira com antiaderente, sapateiras feitas de madeira, com prateleiras fáceis de limpar e que possibilitam uma excelente visualização das peças ali guardadas. Conclusão da história: sucumbir ao impulso de consumo sem pensar pode transformar sua casa em um filme de terror, com peças que, fatidicamente, terminarão esquecidas em um canto enquanto voltamos tranquilamente aos básicos de sempre. Não seria melhor resistir então?