A nossa casa é em todo lugar
Outro dia, enquanto trabalhava no meu escritório, me dei conta do quanto carregamos da nossa casa para outros lugares em que vivemos. Dei uma espiada ao redor e constatei vários elementos da minha casa que havia carregado para o trabalho: a cadeira favorita, um pôster chinês que eu amo, pequenos objetos espalhados pela mesa de trabalho, a jarra de prata que adoro rechear com rosas coloridas. Claro que nem todo mundo tem a liberdade de escolher a decoração do lugar em que trabalha. Mas pode reparar que sempre damos um jeito de personalizar o espaço. E como isso pode ser bom! Quando vamos a um hotel, por exemplo, é tão mais prazeroso agir como se estivéssemos em casa. Com pequenos cuidados, como deixar a bancada do banheiro arrumadinha com nosso produtos favoritos, pendurar as roupas no armário, guardar outras nas gavetas ou escolher uma luz que nos deixe confortáveis no espaço alheio.
Falo isso porque muita gente se esquece de ter respeito com os lugares por onde circula. Quem já recebeu em casa um hóspede que deixa tudo espalhado pela casa sabe do que estou falando... Isso só acontece quando as pessoas acham que, na casa dos outros, num hotel ou na casa de veraneio as regras são diferentes das aplicadas no espaço em que habitam. Com as ruas acontece a mesma coisa. Quem trata o espaço público com respeito, dificilmente vai jogar lixo nas calçadas ou deixar vestígios inconvenientes pelo caminho na hora de levar o cãozinho para o passeio matinal. Em restaurante é a mesma coisa. Alguns acreditam que, só porque o lugar não é seu, pode bagunçar a vontade. Tudo bem derrubar vinho na toalha de mesa ou deixar o papel toalha amassado sobre a pia do banheiro. Se cada um de nós encarasse os espaços por onde circulamos com respeito, a casa seria nossa em qualquer lugar. Não seria melhor assim?