A Arte da Barganha
Tem dias em que penso viver constantemente em um mercado persa. Onde é preciso barganhar o tempo todo para conseguir preços honestos. Na feira livre do bairro isso ainda é possível. Vai levar duas bacias de tomate? Naturalmente paga-se menos do que o outro freguês que vai levar só uma. Justo, não? No supermercado é impossível barganhar. E ainda é preciso ter olhos de lince para notar promoções enganadoras, do tipo ver um preço em destaque e, ao observar o marcador bem de perto, conferir que o preço amigo vale apenas para três unidades do produto escolhido. Tem dono de supermercado que, em vez de facilitar a vida do cliente, quer mais é atrapalhar, tsc, tsc...
No quesito serviços necessários para o bom funcionamento do nosso lar-doce-lar, a lei da barganha é ainda mais impressionante. Outro dia mesmo solicitei o orçamento para a descupinização de um móvel antigo, infelizmente atacado por cupins e brocas. A primeira versão do preço ficou em assustadores R$ 780,00. Estamos falando de apenas um móvel, ok? Talvez compadecido com meu ar de surpresa, quase com lágrimas nos olhos, o sujeito atacou com uma contra-proposta: “Podemos fazer por R$ 500,00, em duas vezes”. Em mais meia hora de negociações consegui um valor de R$ 400,00 em dois cheques. Mas se o preço era esse, afinal, porque a empresa queria cobrar praticamente o dobro?
Na minha singela opinião, os valores variam de acordo com o bairro em que você vive, com o aspecto da sua casa e, essencialmente, com seu perfil. Se tiver cara de otário, como às vezes suponho que tenho ao ouvir certas barbaridades, cobram mais caro ainda. Empresas de mudanças, pedreiros, encanadores, eletricistas, candidatas a diaristas... A regra vale para esses e outros serviços.
Resumo da ópera: nunca tenha vergonha de negociar o valor do que você consome. Um pouco de mais consciência e noção real de valores ajudam não só um consumidor, mas vários. Já comecei os trabalhos por aqui e não pretendo parar tão cedo.