Juros vão cair mais. Mas qual é o melhor sistema de financiamento do mercado?
As taxas de juros, que vêm sendo sistematicamente reduzidas pelos bancos, devem cair ainda mais: esta é opinião de Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Em entrevista à Agência Brasil, o executivo opina que as taxas cairão à medida que as instituições bancárias perceberem mais sinais de melhora na economia, além de novas reduções da taxa básica de juros, a Selic.
Segundo ele, após um aumento das taxas e diminuição dos prazos de pagamento desde setembro de 2008 até fevereiro deste ano – a fase aguda da crise –, o setor financeiro, puxado pelos bancos públicos, percebeu que tinha boas oportunidades pela frente e retomou a competição que vinha sendo promovida antes da crise. “Os bancos vêm alongando prazos. Atualmente é possível encontrar prazo de até 30 anos. Tem os bancos anunciando redução das taxas de juros e em algumas situações financiando 100% do valor do imóvel”, diz ele. “Entretanto, essas condições tenderão a ficar ainda melhores. Mas aquele consumidor que não pode esperar, é importante ficar atento para não comprometer demais a renda, preferencialmente escolher o sistema Sacre [Sistema de Amortização Crescente] que possibilita pagar a um custo menor.”
Veja os principais trechos da entrevista:
Os efeitos da crise no financiamento imobiliário estão passando?
Oliveira - Tenho a convicção de que o pior da crise já passou, o que se reflete na própria atitude dos bancos. Se os bancos acreditassem que a situação estaria complicada, não fariam o que estão fazendo agora. Agregado a isso, temos a Selic sendo reduzida, o que possibilita aos bancos continuar reduzindo as taxas de juros.
Os bancos estão realmente baixando os juros ou só estão retomando ao patamar anterior à crise?
Oliveira - Aconteceram as duas coisas. Alguns bancos subiram as taxas de juros no momento de crise e agora, passado aquele momento, estão levando as taxas aos patamares que cobravam anteriormente. Mas também tivemos bancos que mantiveram a taxa e agora, acreditando que a economia vai ficar melhor, baixaram os juros. Tanto aquele banco retornou à taxa anterior como o que reduziu vai continuar reduzindo. A competição está se iniciando nesse segmento e vai levar a quedas mais fortes nas taxas de juros.
Qual a diferença entre os sistemas de amortização Price (Sistema Francês de Amortização), Sacre e SAC (Sistema de Amortização Constante)?
Oliveira - Quando você faz um financiamento, paga sempre os juros sobre o saldo devedor. Entretanto, tem alguns tipos de sistema que definem como vai ser amortizada a dívida. Tem o sistema Price, que é o mais conhecido pelos brasileiros, em que você paga parcelas iguais durante o financiamento. Tem o sistema Sacre, que é crescente, adotado pela Caixa, em que as prestações iniciais são maiores e vão sendo reduzidas a cada 12 meses. O SAC, usado tanto pela caixa quanto por bancos privados, é muito parecido com o Sacre. Como com esses dois sistemas, você começa igualmente a amortizar mais no início do financiamento. Para se ter uma idéia, no caso de um financiamento de dez anos, o consumidor que optar pelo sistema Price vai pagar 10% a mais do que pagaria nos outros dois sistemas.
O financiamento é melhor opção do que pagar aluguel?
Oliveira - Hoje em dia, eu diria que sim. As condições de crédito melhoraram, o que possibilita pagar o mesmo valor de um aluguel. Atualmente, os juros de financiamento estão, em média, entre 0,90% e 1% ao mês. O aluguel corresponde em geral de 0,80% a 1% do preço do imóvel.
Quais são as dicas na hora de pesquisar nos bancos?
Oliveira - Estamos falando que as taxas de juros estão caindo. Mas isso não quer dizer que todas as taxas estejam iguais e que todos os bancos reduziram. Nem sempre que os bancos dizem que reduziram os juros, a redução foi para todas as categorias. Às vezes, caíram para financiamento de dez anos, por exemplo, ou em uma situação em que o consumidor ofereça uma boa entrada. A melhor alternativa é pesquisar muito. O consumidor deve procurar o seu banco e os demais para saber quais são a taxa de juros e os demais encargos. Ele só vai saber onde é mais barato, se fizer uma comparação de custos.
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