Os recentes movimentos na taxa Selic transformou a realidade do investidor brasileiro, antes acostumado a conquistar nos investimentos em renda fixa percentuais elevados. A queda nos juros fez com que essa realidade se modificasse afetando até mesmo o investimento mais popular do país a caderneta de poupança.
Hoje a caderneta de poupança remunera o investidor em 80% da taxa Selic que atualmente se encontra em 7,25% ao ano, o retorno para o investidor está, portanto se considerarmos a TR em 5,05% ao ano. O leitor mais atento certamente percebeu que a caderneta de poupança já esta perdendo rentabilidade para a inflação que em 2012 (certamente) ultrapassou o percentual de 6%.
Mesmo com os números ruins em relação ao retorno para o investidor, em comparação com a inflação, ainda assim o brasileiro em 2012 investiu quase R$ 50 bilhões na caderneta de poupança (recorde histórico).
Herança Cultural
Culturalmente o brasileiro não tem a preocupação de guardar dinheiro. Vivemos intensamente o presente. É comum em palestras perguntar as pessoas o que representa longo prazo e a resposta ser 1 ano. De certa forma, isso explica a falta do sentimento de que poupar para o futuro é importante.
Quem viveu as décadas de 70/80 e início da 90 vai lembrar da super inflação. Naquela época era impossível planejar o futuro da forma que nos propomos hoje, pois a desvalorização da moeda em relação ao salário era algo praticamente inimaginável para quem não viveu naquele período. Éramos obrigados a gastar e comprar tudo no dia que o salário caia na conta, no outro dia já tinha virado pó. Os preços muitas vezes subiam em questão de horas.
Naquela época investir era privilégio de poucos que na maior parte das vezes investiam na construção de imóveis.
Como percebemos hoje o país avançou bastante nas questões econômicas. Mesmo, em 2013 tendo uma preocupação com maior com a inflação, não chegamos nem perto do que acontecia no passado. Esse novo Brasil cheio de desafios precisa ser encarado de outra maneira pelas pessoas que precisarão aprender sozinhas a enfrentar e descobrir novas oportunidades.
Números preocupantes
Uma pesquisa divulgada ainda em 2012 traz a discussão questões importantes. A pesquisa foi encomendada pela BM&F Bovespa e foi realizada pelo Instituto Rosenfield e tratou dos hábitos de investimento do Brasileiro. Foram ouvidas mais de 2000 mil pessoas em 15 municípios do país. O que me chamou a atenção:
• 52,6% dos brasileiros preferem investimentos com baixo risco e alta rentabilidade;
• 26% afirmam ter um perfil “moderado”;
• Apenas 7% tem propensão e interesse em realizar aplicações de alto risco e alta rentabilidade;
• Os demais não souberam ou não quiseram responder.
Outro dado interessante apontado pela a pesquisa é que 53,4% dos entrevistados dizem não sobrar dinheiro para investir.
Viver mais com qualidade de vida
Veja que o brasileiro está vivendo mais e pensando apenas no agora. Como iremos viver por mais tempo sem nos preocuparmos em guardar dinheiro? Vivendo mais é natural concluir que vamos precisar de mais dinheiro e que a Previdência Social mantida pelo governo não terá condições de manter o padrão de vida das pessoas, ao contrário, se compararmos com os dias atuais a tendência é de que mais reformas sejam impostas diminuindo o valor dos benefícios e aumentando o tempo de contribuição.
A reflexão é importante e nossa responsabilidade em construir um futuro com qualidade de vida está em xeque. É hora de mudar a atitude e descobrir que as mudanças que aconteceram no país são positivas e necessárias. É nossa responsabilidade acompanhar essa transformação investindo em conhecimento e dedicando tempo ao planejamento financeiro.A busca pelo conhecimento
Aos poucos você perceberá que não é nada tão complicado e que a postura ativa na busca do conhecimento é o maior desafio a ser conquistado, a partir daí tudo ficará mais fácil e não haverá mais o “esperar para ver se sobra algo no fim do mês para investir”. A realidade será investir primeiro e só depois enquadrar as despesas ao padrão de vida.
Quem pensa no futuro e está disposto a conhecer melhores oportunidades não mais investirá todo seu dinheiro na caderneta de poupança, aos poucos vai descobrir que existem outras boas oportunidades: Fundos (quando negociados com taxas atraentes), Tesouro Direto, Ações, entre outros.
O mercado financeiro não poderá ser mais um terreno desconhecido e quem descobrir isso vai perceber ainda mais claramente que essa transformação mais do que necessária é fundamental para o crescimento do país.
Até a próxima.