Menos é sempre mais
Sempre achei que o estado de espírito de uma pessoa fica estampado na sua casa. Dá para notar se a pessoa anda sem tempo, se ela está estressada, se está apaixonada e, principalmente, quando ela não sabe quando é hora de parar de enfeitar a casa. Sei disso porque sou um pouco maníaca por “coisinhas”. Houve um tempo na minha vida em que a banheira de casa parecia um parque de diversões, com pelo menos 100 minibrinquedos adornado todo seu entorno. Também já fui exagerada na hora de eleger os penduricalhos úteis que ficavam expostos junto a pia da cozinha. E também já me descontrolei em idas e vindas ao mercado de plantas, sendo apelidada pela minha mãe de Dona Luiza – em homenagem à mania da minha avó de colecionar espécies no jardim sem muito critério estético. Mas o pior foi quando notei que informação visual demais pode oprimir. Acho que uma temporada de luminosos nas ruas de Tóquio contribuiu bastante para esse momento de “iluminação” decorativa. Não é por acaso que os japoneses ficaram famosos por seus ambientes limpos, nos quais um único vaso ou uma boa luminária pode resumir a decoração de um quarto. A regra é simples: muita informação na rua e apenas o suficiente em casa. Tática de sobrevivência nem sempre levada a sério pela população nipônica (fissurada em badulaques em geral), mas que fica como lição de casa. Para ao menos tentar visualizar um pouco de “limpeza” na hora de decorar seu lar doce lar.Em meus próprios domínios, a teoria foi colocada em prática com bom senso aliado a muito autocontrole. Comecei a faxina visual tirando todos os objetos decorativos de cena. E depois elegendo quais tinham afinidades entre si. O passo seguinte foi escolher os favoritos naquele instante (sim, porque naturalmente eu gosto de todos). E depois colocar em exibição apenas alguns.
Dessa maneira, um só vaso substituiu um lote de bibelôs na mesinha lateral. Duas almofadas no sofá preencheram com louvor o espaço antes dominado por meia dúzia de exemplares. E, vício máximo, as toalhinhas que enfeitavam todas as mesas da casa foram resumidas a uma ou outra, dispostas em pontos estratégicos – tática que, aplicada em série, acabou por valorizar todas as peças individualmente.
Tá, mas agora você pode perguntar: “e o que se faz com os objetos que saíram de cena?”. Eles podem ser guardados, como um time reserva, para retornar no momento oportuno. E, na próxima vez que você mudar seu estado de espírito, pode contar com eles para mudar tudo de novo, agora ciente de que a estratégia de sucesso é uma questão de escolha.